Fazer gestão descentralizada pode parecer, à primeira vista um grande desafio, mas, por si só, gerir pessoas é uma tarefa complexa. A descentralização soma as visões humana e analítica para extrair a melhor performance da forma como as equipes trabalham, se relacionam e produzem.
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A gestão de pessoas envolve, ou deveria envolver, não apenas a chamada “administração de trivialidades”, representada pelo fechamento do banco de horas, da folha e outras tarefas burocráticas, mas também ações estratégicas que visem adequar a contratação e o desenvolvimento dos profissionais de acordo com os objetivos e a cultura da empresa.
Todas essas funções são, em geral, atreladas à área de Recursos Humanos (RH). Por isso, houve ao longo do tempo uma tendência à centralização da gestão de pessoas, sob a responsabilidade exclusiva dos gestores e analistas de RH.
No entanto, a descentralização da gestão de pessoas vem se tornando mais frequente, e é a opção de muitas empresas atualmente. Quer saber por que? Continue com a gente que vamos explicar um pouco mais sobre essa tendência, destacando algumas fragilidades da gestão centralizada de pessoas, e os benefícios de quem opta por descentralizar.
Fragilidades da gestão centralizada de pessoas
A centralização da gestão de pessoas no RH não é um problema para pequenas empresas, em que os profissionais da área de RH têm contato direto com praticamente todos os colaboradores, acompanhando de perto as necessidades de cada um deles, assim como a sua jornada de trabalho e envolvimento nos diferentes projetos.
No entanto, quando a empresa atinge um certo porte, os profissionais de RH acabam se deparando com dois grandes impasses:
Distanciamento da operação: quando a empresa tem muitos colaboradores, se torna cada vez mais difícil para os profissionais de RH avaliarem o perfil e o desempenho de cada colaborador, assim como acompanhar atrasos e horas extras, ou suas respectivas justificativas.
Acúmulo de tarefas burocráticas: em grandes empresas, a administração das chamadas trivialidades e os processos burocráticos acabam se intensificando ao ponto de tomarem quase a totalidade do tempo dos analistas de RH.
Dessa forma, a gestão de pessoas centralizada no RH pode ocasionar malefícios importantes para a organização, como por exemplo:
- enfraquecimento da cultura da empresa, pela inexistência de ações estratégicas e treinamento de colaboradores;
- emissão frequente de holerites de correção, devido a falta de controle adequado das horas extras;
- possível aumento de passivos trabalhistas, relacionados ao controle inadequado das horas de trabalho e funções de cada colaborador.
Tais malefícios podem prejudicar a operação da empresa como um todo, assim como influenciar de forma negativa na satisfação e produtividade dos colaboradores.
Por isso, a defesa de uma gestão descentralizada vem se tornando muito frequente. Quer entender um pouco mais sobre este modelo? Leia o trecho a seguir.
Benefícios da descentralização da gestão de pessoas
A gestão descentralizada defende que a responsabilidade de gerir pessoas não é apenas do RH, mas também dos líderes de área e, em menor escala, dos próprios colaboradores.
Os líderes de equipe têm um papel fundamental nesse processo, por estarem próximos dos colaboradores e compreenderem como cada um deles atua nos diferentes projetos.
Os profissionais do RH, essencialmente, olham para a gestão de pessoas, atuando tanto na “administração de trivialidades”, quanto estrategicamente, no planejamento de processos que permitam a maior satisfação e produtividade no ambiente de trabalho.
Além disso, cada um dos colaboradores pode assumir uma postura ativa, facilitando o trabalho dos gestores ao comunicar de forma objetiva seus interesses e necessidades, além de detalhar sua jornada de trabalho com prontidão.
Talvez, nesse momento, considerando os pontos tratados até aqui, você esteja pensando que a gestão na sua organização é descentralizada, já que não depende de um único agente.
No entanto, a descentralização da gestão não é caracterizada apenas pelo envolvimento de diferentes áreas, nem tão pouco pela distribuição de tarefas, mas principalmente, pela distribuição das informações e pelo compartilhamento das tomadas de decisão.
E agora? Ainda na dúvida sobre estar ou não possibilitando uma gestão descentralizada na sua empresa? Não se preocupe, vamos te ajudar a descobrir.
A descentralização da gestão de pessoas tem as seguintes características:
- As tomadas de decisão são realizadas em conjunto, considerando a visão estratégica do RH e as informações que os líderes têm sobre o dia a dia de trabalho de cada colaborador.
- Os líderes de área absorvem algumas tarefas tipicamente atribuídas ao RH, como o controle do banco de horas ou comunicações relacionadas a desligamentos.
- Os profissionais de RH se preocupam mais em desenhar processos do que em administrar trivialidades.
O que a empresa ganha com a descentralização?
1 – Aproximação entre gestores de áreas e colaboradores
Por compartilhar responsabilidades com o RH na gestão de pessoas, os gestores de área passam a ter uma comunicação mais intensa com os colaboradores, não apenas para falar de projetos específicos e produtividade, mas para entender as necessidades, objetivos e dificuldades que cada um enfrenta profissionalmente.
2 – Diminuição na incidência de erros no controle de horas e possíveis passivos
O gestor de área trabalha muito mais próximo da equipe. Quando ele se responsabiliza pelo controle da jornada de trabalho dos colaboradores, a incidência de erros, autorizações indevidas de horas extras e holerites de correção diminuem. Consequentemente, os passivos trabalhistas também se tornam mais raros.
3 – Aumentam as ações estratégicas voltadas à satisfação e produtividade dos colaboradores
Quando os profissionais de RH passam menos tempo administrando trivialidades e cuidando de tarefas burocráticas, podem se dedicar a tarefas estratégicas como o desenho de processos e métricas que aumentem a produtividade e satisfação dos colaboradores, e que fortaleçam a cultura da empresa.
Descentralização da gestão de pessoas como solução
A descentralização da gestão de pessoas pode ser muito benéfica em empresas onde o RH não é capaz de acompanhar de perto a jornada de trabalho dos colaboradores. Mas para isso é necessário o envolvimento efetivo dos líderes de área, que irão absorver algumas funções antes sob a responsabilidade do RH.
Por isso, é necessário que os gestores reconheçam seu papel estratégico na gestão de pessoas, tenham uma comunicação direta e fluida como os profissionais de RH, assim como tenham a sua disposição ferramentas que facilitem o trabalho de gestão.